top of page
Buscar
institutojapi

Dia Mundial da Conservação dos Manguezais



Os manguezais são um ecossistema de transição entre os ambientes marinho e terrestre, caracterizado pelo encontro entre a foz de rios e estuários (terra) e o mar. Seu solo é rico em argila porém possui baixos níveis de oxigênio, resultante do intenso processo de decomposição de matérias vegetais e animais. Os mangues estão presentes em todo o globo, com uma distribuição mais acentuada entre os trópicos. O surgimento deste ecossistema depende de condições climáticas bem específicas, na qual as médias anuais de temperatura devem ficar acima de 20ºC e a precipitação deve ser maior que 1.500 mm/ano, sem que haja períodos prolongados de seca. O tamanho de um manguezal é determinado pela distância em que a água do mar é capaz de adentrar os estuários. Esta união entre água doce e água salgada resulta em uma água salobra, permitindo que o mangue seja um ambiente complexo, sensível porém extremamente diverso.

Conhecidos como “berçário da vida marinha”, os manguezais são extremamente importantes para inúmeras espécies, visto que muitas delas dependem do ambiente pelo menos em algum estágio de suas vidas. É o caso, por exemplo, do robalo, do mero e da garoupa, que utilizam as águas salobras dos mangues para desova e crescimento dos filhotes. O mangue também abriga crustáceos, mamíferos aquáticos e terrestres, aves e diversos insetos. Vale ressaltar que a fauna encontrada nos manguezais não é necessariamente exclusiva. Muitas espécies conseguem viver em ambientes semelhantes como estuários, restingas, praias e costões rochosos e transitam entre os mesmos. Em contrapartida, a vegetação do mangue é bem característica e é representada principalmente pelos: mangues-vermelhos (Rhizophora mangle) encontrados mais próximos da água; mangues-pretos (Avicennia schaurina) e mangues-brancos (Laguncularia racemosa) que fica mais distante do curso d'água. Todas possuem como característica principal as raízes respiratórias, ou pneumatóforos, que ficam expostas e são responsáveis pelas trocas gasosas da planta, visto que o solo é pobre em oxigênio.

Do ponto de vista ecológico, os manguezais possuem as mais diversas funções e contribuições ambientais. Possuem um papel fundamental na manutenção da cadeia alimentar e reprodutiva dos ambientes costeiros. A decomposição em larga escala da matéria orgânica é importantíssima para a ciclagem de nutrientes da região. O mangue também auxilia na integridade das faixas costeiras, protegendo os recifes de corais contra a erosão causada por ondas e tempestades, uma vez que a conformação da vegetação dos mangues absorve o impacto das ondas e deixa as águas mais calmas. As raízes das plantas também armazenam carbono vindo da atmosfera e dos oceanos, contribuindo para a redução do efeito estufa. Além disso, possui papel econômico para as populações do entorno, que dependem de recursos como madeira, tanino, crustáceos, moluscos e plantas medicinais para seu sustento.

No Brasil, os manguezais sofrem com as mais diversas ameaças, tendo como destaque o desmatamento e consequente fragmentação da vegetação e a destruição ambiental dos habitats costeiros principalmente pela poluição. Apesar de ser considerado uma área de proteção permanente, a localização visada dos manguezais faz com que os mesmos sejam substituídos por portos, resorts e até mesmo locais de exploração de petróleo. Desde o começo do século 20, 25% dos manguezais brasileiros foram completamente destruídos, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste do país. Iniciativas como a criação de Resex (Reservas Extrativistas), de planos nacionais e projetos visam frear a destruição deste ecossistema. O Projeto “Manguezais do Brasil”, criado pelo Ministério do Meio Ambiente procura conciliar de forma efetiva a conservação com uso sustentável dos recursos, gerando impactos positivos para as comunidades que dependem do mangue para sobreviver.


Arte: Flávia de Camargo M. Gomor Texto: Flávia de Camargo M. Gomor;


Pesquisa: Daniela Brustolin; Texto Instagram: Aline Freiria dos Reis.

Marcella Pires.


Foto: Tiago Nunes


REFERÊNCIAS


ARARUNA, Leon Ponce Rayza; SOARES, Oliveira de Marcelo. Efetividade de manejo em Unidade de Conservação com manguezais: estudo de caso no litoral do Ceará, Nordeste do Brasil. Geosaberes: Revista de Estudos Geoeducacionais, Fortaleza, 24/08/2017.Disponível em : https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6096737


AZOULAY, Audrey. Mensagem por ocasião do Dia Internacional de Conservação do Ecossistema de Mangue. UNESCO 2019. Disponível em : http://www.unesco.org/new/pt/rio-20/single-view/news/message_on_the_occasion_of_the_international_day_for_the_con/ acesso em : 19 de jul. 2021.


CORREIA, Monica Dorigo; SOVIERZOSKI, Hilda Helena. Ecossistemas marinhos: recifes, praias e manguezais. Universidade Federal do Alagoas, 2005. Disponível em: http://www.usinaciencia.ufal.br/multimidia/livros-digitais-cadernos-tematicos/Ecossistemas_Marinhos_recifes_praias_e_manguezais.pdf. Acesso em: 20 de jul. 2021.


FILHO, Almeida Eduardo; TOGNELLA, Pereira Maria Mônica; LIMA, Oliveira de Otoni Karen. Panorama da conservação dos manguezais brasileiros: distribuição das Reservas Extrativistas. Centro Científico Conhecer – Jandaia-GO, v.17 n.33; p. 333 30/09/2020.Disponível em : http://www.conhecer.org.br/enciclop/2020C/panorama.pdf

Instituto Chico Mendes de de Conservação da Biodiversidade (2018). Atlas dos Manguezais do Brasil. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/manguezais/atlas_dos_manguezais_do_brasil.pdf. Acesso em: 21 de jul. 2021.

Projeto Manguezais do Brasil. ICMBIO. Disponível em : https://www.icmbio.gov.br/portal/programaseprojetos/107-projeto-manguezais-do-brasil acesso em: 19 de jul. 2021.


SOARES, Steinmetz Marcelo. ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO MANGUEZAL DO RIO SERGIPE. São Carlos 01/12/2016.Disponível em : https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/8676/TeseMSS.pdf?sequence=1&isAllowed=y


69 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Sarah Mângia

コメント


bottom of page